sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Luz e Treva (mas não é tão sério assim...)


Hoje foi muito difícil chegar na faculdade. Problemas no metrô. Pensei: "ah, eu falei aquelas coisas no blog, mas assim também não dá! Vou apagar aquele texto!". Acabei rindo da situação (ainda é o melhor remédio) e me lembrei de um versículo que li ontem: "Vê, pois, que a luz que há em ti não seja treva".
Cada um tem a sua luz: alguns são calmos, outros pacientes, tem os caridosos, os alegres, etc. Tem muitas boas qualidades espalhadas por aí; elas estão nos ônibus, nas ruas, no trabalho, na faculdade, na igreja, no apartamento... Mas por que, então, parece que é tão difícil de enxergá-las? Por que, mesmo quando as encontramos, parecem tão mínimas que não têm força suficiente para se destacar? Conversando com a minha mãe, ela me lembrou
de um outro versículo: "Não coloque sua luz debaixo da mesa". Os calmos, os pacientes, os caridosos, os alegres não gostam de ser isso. É fácil ser calmo quando você não está num metrô lotado, fácil ser paciente quando não se está numa fila de banco, muito simples fazer o bem quando você não tem outros planos, e qualquer um pode ser alegre não tendo dificuldades. É preciso manter todas essas virtudes mesmo quando a situação não favorece. Isso é colocar a luz em cima da mesa, como se fosse um banquete, oferecendo alimento para o mundo. Não acho que o mundo está desnutrido, mas, sim, precisando de uma "reeducação alimentar" (isso está na moda, não? rs). Quando nossa luz só ilumina o dia que já está claro, não faz muita diferença. É preciso levá-la onde não há. Para que seja luz, não treva.



* Não sei bem o porquê, mas tudo isso me lembrou de um conto, que gostaria de sugerir como uma leitura especial para hoje (acredito que todos os dias precisamos ler algo especial - faz parte da nossa reeducação alimentar, rs). O conto é
Auréola cinzenta, do escritor húngaro Dezsö Kosztolányi. Infelizmente, não encontrei na internet; tentarei escanear o texto que tenho em casa e colocá-lo aqui.


** Outra alternativa é ler algo que nos faça rir, e isso é mais fácil de
encontrar (embora queiramos achar que não: gostamos de sofrer um pouquinho, não nos permitimos, muitas vezes, dar risada - "Ah, agora não, estou muito ocupado com o meu problema!" e bla bla bla). Sendo assim, sugiro Millôr Fernandes e Ítalo Calvino.

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http://www.releituras.com/millor_discurso.asp (este é só um exemplo, neste site - no menu à esquerda - tem outros)
- Do Calvino, sugiro um livro:
Se um viajante numa noite de inverno (Companhia das Letras). Deixo aqui o link do primeiro capítulo (só para dar mais vontade de ler o resto):
http://www.casainabitada.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=66:se-um-viajante-numa-noite-de-inverno-italo-calvino&catid=6:discursos-de-outrem&Itemid=6


*** Sobre o texto de hoje: faltou falar de uma outra luz - a luz intelectual. Mas preferi deixar para um texto específico (que em breve farei).

Um comentário:

Fala, vai!