
Aprendi a ler com quase seis anos. Fiquei um ano sem ir para a escolinha porque minha mãe não tinha conseguido manter a bolsa na escola em que eu estudava e, não me lembro porquê, não me colocou numa creche, qualquer coisa do tipo. Foi um ano angustiante - naquilo que pode ser angústia para uma criança - em que eu, ainda não alfabetizada, ficava desesperadamente tentando inventar significados para o que eu "lia" nos gibis, por exemplo. Até que um dia, meu irmão - dois anos mais velho - resolveu me ensinar a ler. Lembro perfeitamente do livro: As pirâmides, umlivrinho pequeno, provavelmente de alguma coleção de jornal ou revista, sei lá. Era lindo, tinha umas ilustrações maravilhosas, com umas entradas secretas dentro daqueles monumentos fascinantes. Curioso que meu irmão - que me dera a chave para um mundo sem mais solidão - nunca gostou de ler, até hoje é um sacrifício fazê-lo se interessar por um conto de uma página do Kafka. Mas minha gratidão a ele vai perdoar esse desânimo.
Aprendi e apre

Eu estava na aula de Estudos da Educação, no curso de Licenciatura. A professora, como sempre, passou um texto para lermos para a próxima aula e trazermos uma reflexão a respeito. Anotei o nome do texto, do livro em que se encontrava, e da autora. Mais tarde, entrei no sistema de busca das bibliotecas da USP para saber se tinham esse livro, porque eu não queria gastar com xerox. Descobri que havia, justamente na biblioteca em que eu trabalho. Peguei o código da localização na estante e aluguei.
Parei para pensar que loucura que é isso. Uma obra, que até algumas horas antes, não significava nada para mim, de repente era algo que fazia sentido, que eu precisava conhecer para aprender u
