
Minha ausência não é injustificada. Além do acúmulo de coisas a fazer no final do ano, não consegui organizar as idéias que passaram a povoar minha cabeça. Parte dessas idéias foi alimentada em mim pela leitura de A paixão segundo G.H., romance de Clarice Lispector. Não cabe à minha ignorância tentar explicar ou dar uma idéia que seja do que é o livro, mas, em termos bem genéricos (põe genérico nisso), fala do humano. O romance tem inúmeras coisas que dão o que pensar, propõe questões complexas (a própria autora adverte o leitor, logo no início, para que não leia com a alma

A questão é, pelo menos a princípio, a seguinte: num mundo em que somos condicionados desde que nascemos a procurar o prazer, a felicidade (e a nossa luta por todos os séculos tem sido essa, mesmo em tempos remotos em que outras coisas como "onde vou encontrar comida" ocupavam muito nossas preocupações), somos conduzidos e conduzimos nossas vidas e as alheias pelo sofrimento. Sim, exatamente aquilo de que fugimos (ou acreditamos que fugimos) é o que move a nossa vida e a sociedade desde sempre. O que a Clarice fala em seu romance é que traz a grande surpresa (ou não, se você já percebeu isso antes): a felicidade é solidão. Quando sofremos contamos para alguém e esse alguém, de alguma forma, se identifica conosco: o sofrimento cria conexões entre as pessoas. Quando estamos felizes o sentimento é tão particular, esquisito e indescritível que não conseguimos nos conectar com as pessoas, porque a maioria delas não está sentindo aquilo. Mas sofrimento todos te

Estou me afundando num texto obscuro e complicado, mesmo eu levando meses para conseguir escrever isso vejo que ainda é um pensamento muito frágil e sem contorno. Mas garanto que não é algo sem fundamento; estudiosos já disseram, muito melhor do que eu, de que como o sofrimento é necessário para o desenvolvimento humano: que lindas obras de arte n

Não aguento mais escrever agora. "Não, cansaço não é... É eu estar existindo E também o mundo, Com tudo aquilo que contém, Como tudo aquilo que nele se desdobra" (Álvaro de Campos).